Durante o século 5º a.C., acontecem as mais importantes mudanças socioculturais da Grécia. Atenas e Esparta disputam a hegemonia na Grécia; fatores materiais propiciam o desenvolvimento em todas as esferas da civilização grega; Atenas torna-se o grande centro econômico, político e cultural das pólis gregas. É o grande período da Filosofia que se encontra em plena atividade. Atenas torna-se a pátria da Filosofia. Além de estar geograficamente entre a Jônia e a Itália do Sul, é nela que as duas Filosofias se confluem em uma nova forma de especulação filosófica, que se desenvolve durante um século e que é chamada, merecidamente, de Filosofia Clássica. É uma Filosofia com um objeto próprio de investigação: a ontologia e a gnosiologia. Os grandes sistemas de Platão e Aristóteles demonstram que a Filosofia atingiu sua total maturidade; além disso, esses pensadores legam a toda a posteridade a Filosofia que será a base da cultura Ocidental. Um dos principais aspectos do período clássico é a sua tendência antropológica, que tem seus principais temas ligados à política, à retórica, à gnosiologia, à dialética e à ética. A famosa frase que sintetiza o pensamento socrático – "Conhece-te a ti mesmo" – e a frase do sofista Protágoras – "O homem é a medida de todas as coisas" – retratam, de maneira primorosa, essa corrente antropológica que está intimamente ligada ao conhecimento.
A necessidade de alfabetizar o cidadão para que este pudesse exercer a política e desenvolver a cultura em Atenas torna-se natural dentro da nova organização social da Grécia. Os sofistas tornam-se os responsáveis pela educação dos gregos no período clássico, atendendo a essa necessidade de preparação do cidadão para o exercício da cidadania grega.
Os filósofos Platão e Aristóteles criticam severamente a atuação dos sofistas na pólis. Para o primeiro, a sofística não passa de uma arte fraudulenta e, para o segundo, não passa de pseudo sabedoria. No entanto, apesar das críticas dirigidas por Platão e Aristóteles, cabe ressaltar o papel dos sofistas na difusão da nova mentalidade da Grécia desse período. Aliás, os sofistas devem ser considerados os iluministas do mundo antigo.
Com a ação dos sofistas nas pólis helênicas, tornou-se inevitável que a Filosofia deixasse de ser uma reflexão puramente cosmológica para se tornar, principalmente, uma reflexão de cunho antropológico. As características principais introduzidas na Grécia pela sofística são estas:
• A afirmação do homem como objeto de análise teórica.
• A valorização da esfera subjetiva.
• O estabelecimento da retórica como forma de discurso.
O indivíduo, a partir da ação dos sofistas, não é mais compreendido apenas como parte da natureza, mas como um ser consciente e criador.