Leitura Digital 04 - Lógica e Dialética - Lógica Formal - Tema 1 - Artigo 3 - LÓGICA E PSICOLOGIA
- março 29, 2018
- By Ivan Sousa
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TEMA I
ARTIGO
3
LÓGICA E PSICOLOGIA
É muito frequente encontrar-se, entre os lógicos, inclusive filósofos
do século passado e deste, a preocupação de reduzir a lógica à psicologia, isto
é, de considerar os pensamentos como meros dados psíquicos. A esta tendência se
chama psicologismo assim como se chama biologismo à tendência a
reduzir os fenómenos psíquicos à biologia, e materialismo, à que tende a
reduzir o biológico totalmente à matéria. O psicologismo lógico defende a opinião
de que a lógica se apoia na psicologia, ou é desta dependente.
Os lógicos, que não aceitam esta opinião, argumentam da seguinte
forma: os objetos lógicos não são objetos empíricos, mas ideais, como já
tivemos oportunidade de ver.
Em segundo lugar, as leis da lógica são leis universais, construídas
a priori, e não generalizações indutivas, ou seja, construídas da
observação dos factos particulares para atingir o geral. Assim, as leis indutivas
são generalizações que têm um alto grau de probabilidade, mas nunca podem ser
afirmadas como absolutamente certas, enquanto as leis da lógica oferecem uma
evidência que nada pode destruir. As leis indutivas são formuladas a
posteriori, quer dizer, após a observação dos factos particulares para
chegar a uma generalização. Fundam--se, portanto, na temporalidade, pois são
leis de um acontecer no tempo, enquanto as leis da lógica, como as da matemática,
não dependem do tempo.
As razões, como se vêem, são ponderáveis, mas, por outro
lado, devemos também considerar as que são oferecidas pelos que defendem a
redução da lógica à psicologia. Estes, por exemplo, afirmam que os dados
lógicos são perfeitamente explicáveis pela psicologia, e se nos parecem
processar-se fora do tempo, é apenas resultado de uma abstração que leva a colocar
os pensamentos fora do tempo. Atualmente, esta é uma tendência acentuada
dos lógicos modernos.
História da Lógica —
Cabe aos gregos terem tornado a lógica uma ciência autónoma, e entre eles a
Aristóteles que, em seu Organon, estudou-a, apresentando importantes
investigações. Aristóteles, porém, nunca considerou a lógica apenas formal,
como um estudo dos pensamentos como pensamentos, mas sim como uma espécie de
introdução metodológica para a filosofia. Na Idade Média, foi continuada a obra
de Aristóteles, embora esporadicamente se levantassem vozes contra tal
orientação, propugnando se seguisse um sentido mais prático e experimental. Somente
na chamada Idade Moderna, com Galileu (1564-1642) e Bacon (1561-1626), é que a
lógica emprega métodos consistentes na combinação da experiência e da
matemática, como já propusera Leonardo da Vinci. Bacon vai considerar a lógica
como doutrina do saber de experiência, e dos factos, para chegar às leis
naturais, e robustece o método indutivo, o qual êle demoradamente estuda. John
Stuart Mil (1806-1873) prossegue na obra de Bacon, e acrescenta algumas novas
regras às expostas por aquele. Estes dois aspectos da lógica, o teórico e o
prático, são debatidos desde então até os dias de hoje.